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A Nossa inclinação para o mau

Yetzer hará, a nossa inclinação para o mau

yetzer hará: nosso grande satan [adversário]
por: Hoshéa
Adão e Eva
Para quem não tem conhecimento, a expressão "yetzer hará" foi uma expressão retirada da bíblia hebraica (em hebraico: יֵצֶר לֵב הָאָדָם רַע, yetzer lev-ha-adam ra), que ocorre duas vezes na Bíblia Hebraica, em Gênesis 6:5 e 8:21.   
O Eterno viu que a maldade do homem era grande sobre a terra, e que a imaginação do coração do homem é o mal. (Gn 6:5) 

O Eterno respirou o agradável odor e disse consigo: "Eu nunca mais amaldiçoarei a terra por causa do homem, porque a imaginação do coração do homem é o mal desde a sua infância". (Gn 8:21) 

A yetzer hará é traduzida como má inclinação. É uma tendência instintiva que impele o indivíduo a realizar determinados atos que se manifesta ao homem em forma de paixões e desejos inadequados. Seu objetivo é tentar nos impedir de fazer o bem, esta é a sua função para a qual Deus a criou, é isto que nos garante o livre arbítrio, Desse modo, a nossa escolha pelo bem tem que ser sempre voluntária. Cada um de nós luta diariamente contra seu mau instinto. 
 
Em decorrência do impulso pelo mal somos recompensados por D'us pelo empenho em resistir às tentações que o Mal coloca em nossa estrada.  
 
Nosso homem mais exterior é animal, e a serpente astuciosa representa a imaginação egoísta de nosso coração, nossos desejos mais instintivos, nossos desejos mais egoístas e animalescos. O nossa natureza animal que é nossa natureza exterior [a carne] está mais inclinado aos instintos, e é nessa parte que tendemos ao mal. A yetzer hará é concebida como a natureza egoísta, o desejo de satisfazer as necessidades pessoais (alimentação, moradia, sexo, etc) sem levar em conta as conseqüências morais de satisfazer os desejos.

Contrapondo-se a yetzer hara [má inclinação] temos a yetzer hatov [boa inclinação]. 
A yetzer hatov é a consciência moral, a voz interior que faz você lembrar da lei de D'us quando você pensa em fazer algo que é errado e proibido. 
 
Estas duas inclinações funcionam como se fossem dois conselheiros dentro do ser humano. Cada inclinação é simplesmente "um conselheiro que expressa sua opinião com relação ao ato que será decidido pela nossa consciência, nosso eu que toma as decisões".  
 
Segundo esta analogia, podemos entender que as ações de uma pessoa não dependem diretamente de suas inclinações, pois elas não podem forçar suas opiniões sobre ele. Podem apenas mostrar-lhe seus respectivos pontos de vista.  
 
Devemos ter portanto um controle sobre nossa natureza animal, para que a nossa má inclinação não nos leve desordenadamente para onde não queremos nem pudemos. O Talmud, um dos grandes livros da sabedoria judaica, faz uma analogia interessante sobre esta questão: o corpo é o cavalo e o espírito [consciência] é o cavaleiro. É melhor que o cavaleiro esteja sobre o cavalo e não o contrário. O grande objetivo é controlarmos tudo que está ligado ao nosso lado animal para que nossa consciência [espírito] possa se (re)posicionar sobre o cavalo. 
 
Aprenda a dominar seu cavalo. E você verá como é bom ter as rédeas da vida nas mãos. Você estará em uma posição de ver e compreender os obstáculos, por mais difíceis que sejam, de uma forma muito diferente do que se estivesse embaixo dele ou, em muitos casos, como se fosse o próprio cavalo.

A "yetzer hará" se refere as NOSSAS idéias que são estranhas ao nosso próprio objetivo ético e moral; ao desejo de cometer ações contrárias à Lei divina, e às justificativas mentais que são geradas POR NÓS enquanto decidimos sobre fazer ou não fazer aquilo que ferirá os princípios da Lei de D´us que decidimos observar. Resumindo é a uma inclinação para fazer o mal por violar a vontade divina. 
 
A “tentação” existe dentro nós, por intermédio dos dois instintos que D’us mesmo criou no homem, tanto o inclinando ao bem como ao mal. O mais importante, é que somente esta habilidade de escolha absoluta torna possível que façamos o bem e o mal, com total e absoluta decisão pessoal. 
 
O Talmud observa que sem o yetzer hará (o desejo de satisfazer as necessidades pessoais), o homem não iria construir uma casa, casar com uma mulher, ter filhos ou tratar de negócios. Mas o yetzer hará pode levar a injustiças, quando não é controlada pelo yetzer hatov. Não há nada de intrinsecamente errado com o desejo de satisfazer a fome, mas esta vontade pode levá-lo a roubar comida. Não há nada de intrinsecamente errado com o desejo sexual, mas pode levá-lo a cometer o estupro, adultério, incesto ou perversão sexual de outros. 
 
O yetzer hará é geralmente visto como algo interno a uma pessoa, não como uma força externa agindo sobre uma pessoa. veja este exemplo bíblico: 
 
"Ninguém, sendo tentado, diga: Sou tentado por Elohim; porque Elohim não pode ser tentado pelo mal e ele a ninguém tenta. Cada um, porém, é tentado, quando atraído e arrastado pela sua própria cobiça [desejos do coração]; então a cobiça, havendo concebido, dá à luz o pecado; e o pecado, sendo consumado, gera a morte". (Tg 1:13-15)

A essência do yetzer hará é o “fervor do sangue”. E a arma do yetzer hará é a imaginação, o devaneio.  
A má inclinação personificada como um animal a nossa espreita, esperando a ocasião de dar o seu bote: 
 
E o Eterno disse a Caim: "Por que estás enfurecido e anda de cabeça baixa? Se estivesses bem disposto, andaria com a cabeça erguida; mas, se não ages bem, o pecado está junto a porta, como animal acuado que te espreita. Por acaso, será que podes dominá-lo?" (Gn 4:6-7) 
 
A brit chadasha [Novo Testamento] chama a má inclinação de "os desejos da carne". Nossos desejos carnais clamam dia e noite por satisfação. Os desejos que militam em nossa carne são ao mesmo tempo, suscetíveis de ser estimulados e também, reprimidos; podem ser alimentados, como também, sufocados. Shaul haShaliach [o apóstolo Paulo] também ensina que os desejos da carne, suas inclinações e as tentações que sofremos, podem ficar debaixo de nosso controle, caso contrário nos tornamos escravos dos mesmos. 
 
"Verifico, pois, esta lei: quando quero fazer o bem, é o mal que se me apresenta. No meu íntimo, eu tenho prazer na Torá de Elohim; mas percebo em meus membros outra lei [yetzer hará] que luta contra a lei da minha razão e que me torna escravo da lei do pecado [inclinação para fazer o mal] que está nos meus membros" (Rm 7:21-23) 
 
A yezer hará é personificada como um maláh [anjo], pois ela se apresenta trazendo sempre uma mensagem que nos incita a praticar o que é errado. Mas ela é um anjo apenas sob a forma de personificação, pois na verdade ela é a voz interior do próprio ego humano, é uma força, uma inclinação interna. 


A yetzer hará é o maior satan do ser humano
A palavra hebraica שטן “Satan” significa literalmente “Inibidor/ Evitador/ Impossibilitador”. Inibir quer dizer, tentar impedir alguém de realizar algo. E é exatamente este o papel da yetzer hará [má inclinação]; ou seja nos inibir, nos servir de obstáculo na vida, devemos enfrentá-la para que a gente atinja a auto-superação, e assim a gente progrida espíritualmente.  
 
A yetzer hará nosso inibidor, nosso satan é o responsável por tornar as coisas difíceis, por desafiar e assim colaborar para que tenhamos a chance de vencer a nós mesmos; para passarmos no teste, pois devemos negarmos a nós mesmos se quisermos tornar-mos verdadeiros vencedores.  
 
Portanto, para nos induzir a escolher o bem o Eterno nos oferece o bem no mundo vindouro, e para que mereçamos isso, é preciso que algo nos iniba, é necessário que algo nos tente impedir para que nós o superemos. Nosso grande satan, portanto é nossa inclinação ao mal (yetzer hará).  
 
As Escrituras Hebraicas deixam bem claro, que o Altíssimo colocou no mundo, tanto o bem como o mal como está Escrito: Deuteronômio 30:15, Vê que pus diante de ti hoje a vida e o bem, a morte; e o mal. Em Isaías 45:7, o profeta descreve o plano da criação de D´us expressando que, Eu formo a luz e crio a escuridão; Eu faço a paz e Sou Eu quem cria o mal; EU SOU o ETERNO que tudo faz.

...Pois é do interior, do coração dos homens, que procedem os maus pensamentos, as prostituições, os furtos, os homicídios, os adultérios,... (Marcos 7:21) 
 
Yeshua nos ensina a dominar o que nasce do coração humano, a vencer as paixões, e inclinações carnais.

Antiga serpente: arquétipo da imaginação do homem
A antiga serpente astuciosa é o símbolo da tentação que acontece dentro do coração do homem, embora dado o estilo simbolizante da narração, foi exteriorizada. O narrador atribui à serpente a função de tentadora, devido à proverbial astúcia deste animal. A serpente é desse modo a personificação da imaginação do coração do homem. 
 
A serpente mora dentro de nós como um arquétipo de inteligência e astúcia e acompanha a humanidade desde os primórdios, corresponde às paixões mais instintivas, e é resultado da imaginação, representa aquela voz interior correspondente ao ego, a voz do desejo expressada em pensamentos egoístas, que visa unicamente satisfazer a vontade da natureza anima [carnal]. 
 
A figura da serpente habita o imaginário popular. Deixou de ser apenas um réptil asqueroso e rastejante para tornar-se num poderoso arquétipo. A palavra 'arquétipo' (grego archétypon) pode ser traduzida por "modelo", "padrão", ou "tipo primitivo". De acordo com Carl Jung, pai da Psicologia Analítica, os arquétipos "são as partes herdadas da psiquê", padrões de estruturação do que Jung denominou de inconsciente coletivo. Assim como temos uma herança biológica, também teríamos uma herança psíquica. Estruturas com as quais já nascemos. Cada nova geração assenta num novo tijolo neste muro psíquico. 
 
No relato da tentação do jardim Eva foi seduzida pelo apetite, pela cobiça e pela vontade de aventurar-se no desconhecido. Em resumo, ela foi dominada pela mais poderosa força existente em nós: o desejo. O desejo é a nossa força motriz, é aquilo que nos impele em todos os sentidos; é como se fosse o vento para um barco à vela, ou o combustível para a máquina. Não “funcionamos” sem o desejo.

A serpente que tentou a Eva no jardim do Edén não passa de representação, personificação ou símbolo do próprio desejo egoísta de seu coração, Eva teve um dialogo com sua própria voz interior, sua imaginação, a voz de seu desejo egoísta, a cobiça partiu da própria Eva. 
 
Este relato é alegórico: 
 
A serpente [imaginação] era o mais astuto [sagaz] dentre todos os animais do campo que Iahweh Elohim havia feito. Ela disse para a mulher: "É verdade que Elohim disse que vocês não devem comer de nenhuma árvore do jardim?" (Gn 3:1) 
 
Portanto a imaginação foi uma criação do próprio D'us, e realmente a imaginação do homem é a coisa mais astuta que existe. 
 
Vocabulário: 
personificação: Figura de estilo que consiste na atribuição de sentimentos, psicologia e comportamento humanos a seres inanimados e a animais. 
Astúcia: Habilidade maliciosa em conceber e realizar estratégia para se obter o que se deseja. O mesmo que sagacidade. 
Sagacidade: inteligência, percepção e compreensão muito aguçada. 

Em hebraico temos uma observação importante: 
 
NAHASH = SERPENTE 
NAHESH = Maledicência inventada, uma coisa criada pela cabeça humana para justificar uma vontade, a própria imaginação.Duas palavras bastante parecidas em hebraico não acham? Apesar do som ser igual elas tem significados diferentes. 
 
A serpente tanto quanto a imagem de fruto proibido são claramente figuras, pois serpentes não falam, não andam e tão pouco são inteligentes ou tão astutas assim, tanto quanto não existe no mundo uma fruta literal que der ao homem o conhecimento do bem e do mal.  
 
Serpente não pensa e nem tem imaginação....só uma criatura pensa, e esta é o ser humano, e foi essa a criatura que Deus criou e que era a mais astuta de todas.

O que então seriam os juízos de Deus contra a Serpente?    
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Então Iahweh Elohim disse para a serpente: "Por ter feito isso, você é maldita entre todos os animais domésticos e entre todas as feras. Você se arrastará sobre o ventre e comerá pó todos os dias de sua vida. Eu porei inimizade entre ti e a mulher, e entre a tua semente e a semente dela. Estes vão lhe esmagar a cabeça, e tu ferirás o calcanhar deles". (Gn 3:14-15)    
    
Na interpretação literal da alegoria quem sofre a punição é o animal chamado "a serpente", esta é a interpretação do sentido literal, mas no sentido que está oculto, não é o animal que deve ser subjugado e sim aquilo que ela representa [os desejos do coração que nos arrastam ao pecado].    
    
A semente da mulher representa aqueles que subordinariam a 'serpente' (o desejo ou inclinação para o mal, yetzer hará), esmagando-lhe a cabeça; naturalmente eles não sairiam incólumes desse processo mas com o 'calcanhar' ferido. Ou seja, sofreriam dano menor.    
    
A Serpente, Adão e Eva. Cada um representa uma coisa.    
    
Exemplo:    
    
*O Homem representa a RACIONAL.    
*A Mulher representa o EMOCIONAL.    
*A Serpente representa o DESEJO OU IMAGINAÇÃO.    
    
As Escrituras classsifica como “ímpio” ou pecador todo aquele que cede aos seus desejos e paixões, nunca direcionando-os da forma correta para o alvo determinado por Deus.    
    
Sendo assim, a serpente é um símbolo mais do que apropriado para nossas paixões, vontades e desejos. No Éden, a mulher ouve a voz da “serpente” e cede à mesma.  

Razão e Emoção fazem parte de nosso ser, e a parte que cede ao desejo e às paixões é certamente a emoção, e Eva é um símbolo mais que adequado ao nosso eu emocional, por ter ela cedido aos apelos da “serpente”.   
   
Depois Adão “ouve a voz de Deus” no jardim, e se esconde. Ao ser interrogado por Deus, Adão responde (no singular): “Tive medo “Tive medo porque estava nu e me escondi”. Somente o nosso eu racional pode “ouvir a voz de Deus” e dar-se conta do estado em que nos encontramos; logo, Adão é o modelo perfeito da consciência, do racional. 
 
A pena aplicada à “serpente” é rastejar e comer pó. A mulher por sua vez, deve ter sua vontade sujeita a Adão [Gênesis 3:14 e 16]. 
 
Se atentarmos para esses dois casos, notaremos que ambas as penalidades são idênticas, são na verdade uma só. Nossos desejos [a “serpente”] devem estar um nível abaixo de nós [“rastejar”], e nossa emoção [“Eva”] dever ser subjugada, dominada pela razão [“Adão”].  
 
Deus afirma que colocaria inimizade entre a semente da “serpente” e aquela da “mulher”, o que significa o contraste entre os desejos e as emoções e a luta que todos teríamos no futuro para subjugar nossas paixões quando as mesmas apelam não para o nosso aspecto racional, mas sim, para a parte mais frágil de nosso ser – o nosso eu emocional.  
 
A semente da mulher feriria a serpente na cabeça (i.e., obteria sucesso na tentativa de subjugar seus desejos) mas não sairia totalmente incólume nesse novo mundo ainda não desbravado do pós-árvore do conhecimento, pois sairia ferida no calcanhar, uma alusão aos revéses que sofreríamos aqui nessa nova realidade.  
 
As Escrituras está repleta de exemplos de pessoas que obtiveram sucesso nessa empreitada espiritual, mas que vez ou outra, acabaram sendo feridas no calcanhar pela serpente (Abraão, Davi, Ezequias etc).

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