Lição 1 – O Livro de Jó
04 de outubro de 2020
Texto Áureo
“Eis
 que temos por bem-aventurados os que sofreram. Ouvistes qual foi a 
paciência de Jó e vistes o fim que o Senhor lhe deu; porque o Senhor é 
muito misericordioso e piedoso.” (Tg 5.11)
Verdade Prática
O
 livro de Jó não é apenas uma preciosidade da literatura universal, mas,
 sobretudo, uma poderosa reposta de Deus para as grandes questões da 
vida.
LEITURA DIÁRIA
Segunda – 2 Tm 3.16: Toda a Escritura é inspirada para a instrução
Terça -Tg 5.11: Quem persevera na fé é bem-aventurado em Deus
Quarta – Ez 14.14-20: Deus tem compromisso com os justos
Quinta – Jr 20.14-18: Deus não tem compromisso com os injustos
Sexta – Sl 8.4: Deus contempla o ser humano, embora este seja finito e frágil
Sábado – Is 59.4: A realidade da injustiça e da iniquidade na Terra
LEITURA BÍBLICA EM CLASSE
2 Timóteo 3.16; Ezequiel 14.14,19,20; Tiago 5.11.
OBJETIVO GERAL
Mostrar que o Livro de Jó é uma poesia inspirada que retrata o dilema vivido por uma pessoa histórica.
OBJETIVOS ESPECÍFICOS
I. Mostrar que, a partir das evidências internas do livro, é possível conhecer o contexto no qual Jó viveu;
II. Especificar o gênero literário e de que forma esse conhecimento ajuda na compreensão do Livro de Jó;
III. Identificar o propósito e a mensagem do Livro de Jó.
INTERAGINDO COM O PROFESSOR
Há
 coisas que acontecem na vida do crente que, inevitavelmente, leva-o 
afazer perguntas que traduzem a angústia da alma: Se Deus é justo e 
amoroso porque permite que um justo sofra tanto? Perguntas como esta 
podem ser consideradas o pano de fundo do livro que estudaremos neste 
trimestre: Jó. Nosso objetivo é compreender o que o livro diz a respeito
 do assunto, as respostas humanas dadas ao sofrimento e, finalmente, a 
resposta de Deus a Jó e seus amigos.
Para
 comentar o tema desse trimestre, contaremos com o pastor José 
Gonçalves. Ele é escritor, conferencista, membro da Comissão de 
Apologética da CGADB e líder da Assembleia de Deus em Água Branca – PI.
Introdução
Neste
 trimestre estudaremos o Livro de Jó, uma das obras mais fascinantes da 
Bíblia. Não há em toda Literatura bíblica outra obra semelhante. 
Diferente na sua estrutura, no estilo e, sobretudo, no conteúdo, o Livro
 de Jó demonstra a grandeza de Deus diante da finitude humana. É, 
portanto, uma obra que alimenta a nossa esperança quando tudo mais 
parece ter perdido o sentido.
Ponto central
O Livro de Jó é uma poderosa resposta de Deus para grandes questões da vida.
I. AUTORIA, LOCAL E DATA DO LIVRO DE JÓ
  1. O autor de Jó. Quem
 escreveu o Livro de Jó é motivo de longos debates. As opiniões passam 
por Moisés, Eliú, Salomão, Ezequias, lsaías e, até mesmo, Esdras. Os que
 não acreditam no mover sobrenatural de Deus sobre os autores bíblicos 
fazem do livro uma colcha de retalhos. Afirmam ser ele a produção de 
vários autores e em diferentes épocas. Entretanto, o cristianismo 
histórico e conservador não tem o livro de Jó como uma ficção religiosa,
 mas como uma narrativa poética inspirada por Deus e redigida por um 
único autor. A própria Bíblia não apresenta indicações do autor do 
livro, mas o fato é que o autor conhecia a forma poética e nela 
expressou a maior parte do livro.
  2. A pessoa histórica de Jó.
 A Bíblia mesma atesta que Jó foi uma pessoa histórica. O profeta 
Ezequiel confirma que ele, de fato, foi uma pessoa real, 
correlacionando-o ao lado de Noé e Daniel (Ez 14.14). Tiago, por 
exemplo, atesta a realidade histórica do principal personagem do Livro, 
bem como sua autenticidade textual, quando destaca a perseverança de Jó 
(Tg 5.11).
   3. A terra de Jó.
 Já no início do seu texto, o Livro de Jó destaca que ele era da “terra 
de Uz” (Jó 1.1). Como Jó, Uz era uma terra real. Os comentaristas situam
 Uz ao sul de Edom e a oeste do deserto da Arábia, se estendendo a 
Leste, indo até a Babilônia (Jr 4.21; 25.20).
  4. A época de Jó. A
 maioria dos comentaristas situa os fatos narrados no Livro de Jó dentro
 do período patriarcal (Abraão, Isaque e Jacó). Dentre outros, alguns 
fatos contribuem para esse entendimento: O sacerdócio como instituição 
ainda não existia, visto que Jó era o sacerdote de sua própria casa (Jó 
1.5); as filhas de Jó eram coerdeiras juntamente com seus irmãos (Jó 
42.15), o que não era permitido pela lei mosaica (Nm 27.8); a palavra 
hebraica qesitah, traduzida como “uma peça de dinheiro” (Jó 42.11), só 
aparece em outras duas ocasiões na Bíblia: uma em Gênesis 33.19 e a 
outra em Josué 24.32.
SÍNTESE DO TÓPICO I
A
 autoria do Livro de Jó é desconhecida, mas sua autenticidade é 
comprovada, bem como a realidade histórica da terra de Uz no período 
patriarcal.
SUBSÍDIO BÍBLICO-TEOLÓGICO
“Jó
 é um dos livros sapienciais e poéticos do AT; ‘sapiencial’, porque 
trata profundamente de relevantes assuntos universais da humanidade; 
‘poético’, porque a quase totalidade do livro está elaborada em estilo 
poético. Sua poesia, todavia, tem por base um personagem histórico e 
real (ver Ez 14.14,20) e um evento histórico e real (ver Tg 5.11). Os 
fatos do livro se desenrolam na ‘terra de Uz’ (1.1), que posteriormente 
veio a ser o território de Edom, localizado a sudeste do Mar Morto, ou 
norte da Arábia (cf. Lm 4.21). Assim sendo, o contexto histórico de Jó é
 mais árabe do que judaico.
[…]
 Se não foi o próprio Jó, o escritor deve ter obtido informações 
detalhadas, escritas ou orais, oriundas daqueles dias, as quais ele 
utilizou sob o impulso da inspiração divina para escrever o livro na 
feição em que o temos. Certas partes do livro vieram evidentemente da 
revelação direta de Deus (e.g. 1.1-2.10)” (Bíblia de Estudo Pentecostal.
 Rio de Janeiro: CPAD, 1995, p.767).
II – ESTRUTURA LITERÁRIA DO LIVRO DE JÓ
  1. Prosa e poesia. O
 leitor que deseja ler o Livro de Jó precisa dar-se conta de que diante 
dele há uma obra de natureza poética. Isso não torna o livro de Jó menos
 inspirado do que outros da Bíblia, mas revela que ele pertence a um 
diferente gênero literário. Jó precisa ser lido dessa forma. A estrutura
 dessa obra demonstra isso. O texto é uma combinação de 
prosa-poesia-prosa (nessa ordem). Ele está literariamente organizado 
assim: Uma prosa nos primeiros capítulos; uma longa poesia no meio; mais
 uma prosa no último capítulo. Assim, o prólogo (Jó 1.1-2.13) e o 
epílogo (Jó 42.7-17) estão em prosa; o texto intermediário em poesia (Jó
 3.1-42.6).
   2. Organização. No
 texto em poesia há a seguinte organização: Um monólogo feito por Jó; 
três ciclos de diálogos entre Jó e seus amigos (Elifaz, Bildade e Zofá);
 quatro outros discursos de um quarto amigo jovem, Eliú; seguido pela 
revelação de Deus onde Ele manifesta o seu poder e graça; e, finalmente,
 a humilhação de Jó diante da revelação divina e sua restauração 
completa.
   3. Abundância de figuras de linguagens. O
 livro é rico em metáforas. Esse recurso estilístico é usado pelo autor 
bíblico quando ele quer dar mais expressividade e maior vivacidade ao 
texto. O autor almeja que seu texto seja “colorido” ao invés de “preto e
 branco”. Jó, por exemplo, usa a figura do “vai-e-vem” do Tecelão para 
demonstrar a brevidade da vida (Jó 7.6; cf. “vento” Jó 7.7; “nuvem” 7.9;
 “sombra 8.9,14.2; “uma corrida”, “uma águia”, “uma flor” 9.25,26, 
14.2). No livro também há o recurso estilístico de paralelismos onde os 
elementos literários repetem-se na mesma ordem.
SÍNTESE DO TÓPICO II
O livro apresenta uma estrutura Literária de prosa-poesia-prosa. Há também uso de metáforas e paralelismos.
SUBSÍDIO DIDÁTICO-PEDAGÓGICO
Neste
 tópico, após expor o assunto, apresente o esboço do Livro de Jó. É 
importante para o aluno ter contato com a visão estrutural de todo o 
livro. Nesse sentido, sugerimos que reproduza o seguinte esquema:
LIVRO DE JÓ
I – Prólogo: A Crise     1.1-2.13
II – Diálogos entre Jó e Seus Amigos (Elifaz, Bildade e Zofar): A Busca de Resposta Humanista 3.1-31.40
III – Discursos de Eliú: O Começo do Entendimento        32.1-37.24
IV – O Senhor Responde a Jó Diretamente 38.1-42.6
V – Epílogo: Desfecho da Prova 42.7-17
III – NATUREZA E MENSAGEM DO LIVRO DE JÓ
  1. Por que os justos sofrem? Algumas
 das questões mais importantes levantadas no Livro de Jó são 
eminentemente de natureza teológica e, também, filosófica. A questão do 
sofrimento do inocente é a principal delas. Por que sofre o justo? Ou 
ainda, por que os ímpios prosperam enquanto o justo sofre?
Ao
 longo dos anos, tanto teólogos quanto filósofos têm procurado dar 
explicações para esse dilema humano. No contexto de Jó, a ideia que 
prevalece é a de que somente os maus sofriam em consequências de seus 
pecados. Se havia sofrimento era porque havia culpa do sofredor. Nesse 
aspecto, ao longo de seus 42 capítulos, o autor procura demonstrar um 
novo olhar sobre essa questão.
   2. Existe bondade desinteressada? Para
 muitas pessoas qualquer prática religiosa não passa de barganha. Essa 
era também a tese do Diabo. Para ele, Jó só permanecia fiel a Deus 
porque recebia benefício em troca: Jó era um homem agraciado com muitos 
bens; com uma família formidável; cercado de muitos amigos; e gozava de 
boa saúde. Nessas condições, como disse Satanás, todos são devotos. 
Todavia, vindo o infortúnio, a tragédia e a calamidade, será que esse 
fervor religioso permaneceria? Satanás estava disposto a apostar que a 
espiritualidade de Jó não subsistiria a uma prova de fogo. 0 livro 
mostra como Jó se comportou nessa prova.
   3. Pode o homem compreender Deus? Os
 últimos capítulos de Jó mostram os impactos que a revelação divina tem 
sobre os homens. Como Paulo, que foi verdadeiramente mudado quando 
contemplou o Senhor numa visão (At 9.1-17), assim também Jó é totalmente
 transformado quando contempla a majestade do Senhor (Jó 38-42). A 
questão para Jó não foi tanto o entender Deus, mas experimentá-Lo. Viver
 e experienciar Deus mudou completamente a vida de Jó! Eis uma grande 
lição deixada por esse precioso livro.
SÍNTESE DO TÓPICO III
A principal questão do Livro de Jó é o sofrimento do inocente. O livro mostra como Jó se comporta diante da prova.
SUBSÍDIO BÍBLICO-TEOLÓGICO
“Sete características principais assinalam o livro de Jó.
(1) Jó, um habitante do norte da Arábia, foi um não israelita justo e temente a Deus […] (1.1).
(2) Este Livro é o mais profundo que existe sobre o mistério do sofrimento do justo.
(3)
 Revela uma dinâmica importante, presente em toda prova severa dos 
santos: enquanto Satanás procura destruir a fé dos santos, Deus está 
operando para depurá-la e aprofundá-la. A perseverança de Jó na sua fé 
permitiu que o propósito de Deus prevalecesse sobre a expectativa de 
Satanás (cf. Tg 5.11).
(4)
 O livro é de valor inestimável pela revelação bíblica que contém sobre 
assuntos-chaves tais como: Deus, a raça humana, a criação de Satanás, o 
pecado, o sofrimento, a justiça, o arrependimento e a fé.
(5)
 Boa parte do livro ocupa-se da avaliação teológica errônea no Livro 
talvez indique tratar-se de um erro comum entre o povo de Deus; erro 
este que exige correção.
(6)
 O papel de Satanás como “adversário” dos justos, o livro de Jó o 
demonstra mais do que em qualquer outro livro do AT. Entre as dezenove 
referências nominais a Satanás no AT, quatorze ocorrem em Jó.
(7)
 Jó demonstra com toda clareza o princípio bíblico de que os crentes são
 transformados pela revelação, e não pela informação (42.5,6)” (Bíblia 
de Estudo Pentecostal. Rio de Janeiro: CPAD, 1995, p.768).
CONCLUSÃO
Nesta
 lição apresentamos algumas informações básicas sobre o contexto 
histórico e literário de Jó. Quanto ao seu gênero o livro é de natureza 
poética. Isso é importante para a compreensão da própria estrutura como o
 livro foi organizado. Vimos que o livro apresenta princípios teológicos
 que transcendem o espaço e o tempo. Esses princípios são para todas as 
épocas e culturas. O que é demonstrado é que o conhecimento de Deus é o 
anseio de todo ser humano.
VOCABULÁRIO
Patriarcal:
 Relativo ao patriarcado, forma de organização social em que a pessoa 
mais velha tem uma grande família, sendo honrada e respeitada.
Prosa: Discurso direto; texto organizado em parágrafos.
Prólogo: A primeira parte de um texto.
Epílogo: O desfecho de um texto.
Estilístico: Relativo ao estilo, forma de usar as palavras.
Paralelismos: Semelhança, correspondências entre duas coisas.
PARA REFLETIR
A respeito de “O Livro de Jó”, responda:
• O que o profeta Ezequiel confirma a respeito de Jó?
O profeta Ezequiel confirma que ele, de fato, foi uma pessoa real, correlacionando-o ao lado de Noé e Daniel (Ez 14.14).
• Cite exemplos em que os fatos narrados em Jó remontam ao período patriarcal.
O
 sacerdócio como instituição ainda não existia, visto que Jó era o 
sacerdote de sua própria casa (Jó 1.5); as filhas de Jó eram coerdeiras 
juntamente com seus irmãos (Jó 42.15), o que não era permitido pela lei 
mosaica (Nm 27.8).
• Como o texto de Jó está organizado literariamente?
Ele
 está literariamente organizado assim: Uma prosa nos primeiros 
capítulos; uma longa poesia no meio; mais uma prosa no último capítulo.
• Por que o livro é rico em Metáforas?
Esse recurso estilístico é usado pelo autor bíblico quando ele quer dar mais expressividade e maior vivacidade ao texto.
• Qual é a principal questão apresentada no Livro de Jó?
A questão do sofrimento do inocente é a principal questão levantada no Livro de Jó.

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